A AES Brasil apresentou um lucro líquido consolidado de R$ 102,6 milhões no terceiro trimestre de 2022, uma alta de cerca de R$ 206 milhões em relação ao prejuízo de R$ 103,1 milhões do mesmo período de 2021. Já o resultado financeiro líquido registrado pela Companhia foi negativo em R$ 35,8 milhões.

Já o Ebitda da companhia ficou em R$ 284 milhões no 3T22, valor três vezes maior se comparado ao mesmo período do ano anterior. A geração de caixa operacional no período foi de R$ 327 milhões, R$ 284,8 milhões acima do montante observado no 3T21, de R$ 42,3 milhões. Segundo a companhia, a variação positiva se deu à gestão do portfólio diversificado, com o aumento da disponibilidade dos ativos eólicos e solar e melhorias na operação. Um cenário hidrológico mais favorável também impactou no resultado positivo, com uma consequente redução de 13% com compra de energia.

Durante teleconferência realizada com investidores nesta sexta-feira, 04 de novembro, a CEO da AES Brasil, Clarissa Sadock, afirmou que a companhia também pretende investir em hidrogênio verde. “O Brasil tem um potencial enorme para esse negócio. Em setembro, fechamos um pré-contrato com o Complexo Industrial e Portuário de Pecém (Porto Pecém) para desenvolver um projeto de hidrogênio verde. Serão feitos estudos para a viabilização de 2 GW de hidrogênio verde e mais 800 mil toneladas de amônia verde”, destacou a executiva.

Segundo Clarissa, o hidrogênio verde ainda esta em fase inicial no Brasil e hoje é mais caro que os outros. “Há uma necessidade de evolução dessa indústria e precisamos de subsídios do Governo para viabilizar o combustível”, destacou. Ela ainda destacou que a ideia é exportar a produção do hidrogênio para os países da Europa e acredita que o hidrogênio ganhará destaque antes da eólica offshore.

E como parte da estratégia de diversificação de portfólio, a companhia também realizou a aquisição de três ativos da Cúbico Brasil S.A., de fontes complementares à hídrica, adicionando 456 MW de capacidade instalada operacional: Complexos Eólicos Ventos do Araripe (PI), Caetés (PE) e Cassino (RS), todos contratados no ambiente regulado, 100% operacionais e com suprimento até 2035. Para financiar a transação, a AES Brasil realizou um aumento de capital privado que resultou em R$1 bilhão de equity. O valor total da operação com a Cúbico Brasil S.A. foi de R$ 2,033 bilhões, sendo R$ 1,105 bilhão de equity, montante captado a partir do aumento de capital privado junto ao mercado, e R$ 928 milhões de assunção da dívida. Com a aquisição, a Companhia totaliza 5,2 GW de capacidade instalada 100% renovável.

Ainda no 3T22, a AES Brasil contabilizou a venda de créditos de carbono realizada no trimestre anterior, oriundos dos Complexos Eólicos Mandacaru e Salinas, contribuindo para o resultado do exercício. “Os números do terceiro trimestre começam a refletir todo o trabalho feito nos últimos anos na Companhia, quando crescemos de forma relevante. E não paramos por aí: seguimos construindo 1000 MW de energia eólica e anunciamos nosso 5º e maior M&A. Nossos greenfields entrarão em operação de forma faseada ao longo de 2023 e o closing do M&A é previsto para o 1º trimestre de 2023. Não posso também deixar de falar de ESG. Tenho muito orgulho em compartilhar que neutralizamos totalmente as emissões de gases de efeito estufa da Companhia desde o início das nossas operações no país. Ou seja, desde 1999, demonstrando o nosso compromisso com as melhores práticas ESG do mercado”, destacou Clarissa.

Na frente regulatória, a abertura do mercado livre de energia, com a publicação de portaria pelo Ministério das Minas e Energia, que permite aos consumidores de alta tensão serem elegíveis à migração para o novo modelo de contratação de energia, traz perspectivas positivas para a Companhia. A AES Brasil está posicionada para capturar as oportunidades na comercialização varejista dada sua posição relevante no mercado, com todas as condições para a captura de novos clientes. Clarissa acredita que 2023 será um ano importante do ponto de vista regulatório. “Esperamos uma modernidade regulatória. A nova regra permite a migração de todos os consumidores de alta tensão para o mercado livre em 2024. Serão mais R$ 10 bilhões de mercado potencial em 2024”, destacou.

Para finalizar, com relação aos investimentos, em função do crescimento da companhia e consequente avanço na construção dos Complexos Eólicos Tucano e Cajuína, os investimentos da AES Brasil totalizaram R$ 695,9 milhões no 3T22. Já o crescimento na linha de modernização e manutenção reflete, principalmente, a estratégia de turnaround da aquisição dos Complexos Eólicos Mandacaru e Salinas, com uma variação de mais R$ 17,4 milhões entre trimestres.